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BOUBA AVIÁRIA

A Bouba Aviária é conhecida popularmente por Varíola Aviária, Epitelioma Contagioso ou Pipoca.


É uma infecção viral, altamente contagiosa que se caracteriza pelo aparecimento de lesões proliferativas na pele e mucosas na forma cutânea, que evoluem para crostas espessas e podem atingir os tratos gastrointestinal superior e respiratório com lesões fibrio-necróticas e proliferativas, na forma diftérica. Normalmente a mortalidade é baixa, mas essa pode elevar-se quando na forma diftérica ou por infecções secundárias por erros de manejo. (BERCHIERI & MACARI, 2000).


Normalmente não atingem mamíferos, mas já foi isolado o tipo de poxvírus galinha em um rinoceronte, não é uma doença de interesse em saúde pública. (BERCHIERI & MACARI, 2000).



As lesões de Pox cobrem as ceras da águia e ao redor dos olhos Fonte: dvrconline.org

Etiologia (CAUSAS)


Família Poxviridae, gênero Avipoxvirus. DNA de fita dupla, de maneira que faz menos mutações, sendo um vírus mais estável facilitando o trabalho de vacinas.


Doença transmitida por vírus com grande crescimento em pele e mucosas. As lesões da varíola aviária são semelhantes a verrugas) podendo ocorrer também na boca, na laringe e / ou na traqueia.


Intracelular obrigatório. Tem resistência elevada Sensibilidade 60ºC por 8 minutos.


Algumas aves acometidas por bouba aviaria em diferentes quadros de evolução

Epidemiologia


Tem distribuição mundial e seu caráter é sazonal, principalmente em temperaturas quentes, de transmissão horizontal e lenta.

A transmissão pode ocorrer de várias maneiras. A doença pode ser disseminada através de vetores mecânicos (moscas e mosquitos), ou contato pele-pele com aves infectadas.

O vírus é transmitido por pele desgastada ou quebrada ou a conjuntiva (membrana mucosa que cobre a superfície anterior do globo ocular). A transmissão indireta também pode ocorrer através da ingestão quando as fontes de alimento e água, poleiros, ou roupas são contaminadas com crostas contendo vírus provenientes das lesões de uma ave infectada.

É altamente resistente à secagem e pode sobreviver meses a anos nas costras secas. A transmissão indireta também pode ocorrer por inalação de caspa infectada com vírus da varíola, detritos de penas e partículas aéreas.


Morbidade é variada nas formas diftérica ou cutânea e a mortalidade é baixa. O Poxvirus atinge aves de todas as idades, espécies, sexos ou raças.


Suscetíveis


Poxvírus

Patogenia

Fonte de infecção: aves infectadas.

Período de incubação de 4 a 10 dias. Replicação viral em 72 horas.

Porta de entrada: solução de continuidade, pele e mucosas.

Vírus epitélio-trófico – hiperplasia tecidual.

Formas de transmissão: por vetores mecânicos (moscas e mosquitos), ou contato pele-pele com aves infectadas.

Evolução lenta (até chegar à fase crítica) de 8 a 12 semanas. Muito comum em aves de criação como poedeiras que ficam em gaiolas com fezes acumuladas no chão, pois atraem moscas que participam do ciclo como vetores transmitindo a doença. Locais que fazem a higienização correta, que observam e aplicam manejo adequado, que combatem insetos que podem ser vetores, atuando com a Biosseguridade são menos suscetíveis devido essas medidas.


Em locais com proliferação de pombos sem a devida higiene, onde os vetores como moscas e mosquitos estão presentes é comum encontrar aves com a doença. Aves silvestres também são acometidas e o tipo de poxvírus que atinge pombos e o de pássaros, podem infectar perus. Sendo muito importante medidas de biosseguridade em criações para evitar proliferação de vetores que alastrariam a doença.


Todos os Falcoeiros que trabalham com uso de técnicas de Falcoaria para controle de fauna, principalmente pombos (Columba livia), ao serem consultados informaram que mais de 50% das aves capturadas e principalmente jovens e filhotes possuem sinais clínicos de bouba aviaria.


Manifestações Clínicas

Os sinais clínicos variam de acordo com a virulência e patótipo da cepa vírus, suscetibilidade do hospedeiro e maneira de transmissão (RUPLEY, 1999).

Forma cutânea:

Podem apresentar além das lesões papulares, vesículas, pústulas e crostas, principalmente em regiões desprovidas de penas como olhos, cristas, barbelas e até mesmo cloaca, regiões como patas ou outras podem ser atingidas, mas é mais raro, uma vez que as aves conseguem retirar os vetores dessas áreas, a não ser que estejam muito debilitadas. Essas lesões abrem portas para infecções secundárias. Depois que a vesícula se fechar ocorrerá a formação de uma crosta na região.


Apresentam também redução no ganho de peso, queda na produção de ovos.


Muito comum se ver canários e pombos com Bouba.


Forma diftérica:

É uma forma de mais difícil tratamento, devido o quadro clínico apresentado e ave estar mais debilitada. Pode apresentar dispneia, inapetência, descargas nasais e/ou oculares. A ave irá comer menos, pois quando o alimento passa irá arrancar a crosta expondo o local causando dor por essa exposição.


Apresenta placas no bico, trato digestório e respiratório, essas placas são sobressalentes amareladas e por impedir o animal de comer ou respirar esse acaba por vir à óbito.


Morbidade: pode atingir todas as aves do lote quando falamos de aves de produção ou todo o bando quando falamos de aves que vivem em colônia, tudo depende da quantidade de vetores e contato.


Mortalidade: galinhas, perus e pombos, no máximo 50%, canários 80-100%.



O diagnóstico pode ser feito através das lesões, sendo a única doença na avicultura que pode ter diagnóstico clínico e histórico.

Clínico: Através de lesões cutâneas e/ou diftéricas.

Histopatológico: Isolamento e identificação do vírus – através da inoculação em ovos embrionados, através de cultura celular.

Sorologia, diagnóstico em 15 a 20 dias após a infecção – teste Elisa.

Através da presença do Corpúsculo de Bollinger ou Borrel, proteínas virais formando corpúsculo de inclusão.

Imunofluorescência direta.


Tratamento

Para aves de produção não há, em âmbito industrial. Atuam na prevenção.


Para aves de cativeiro (ou pet), não há tratamento específico, mas se procede com isolamento da ave em local fechado com ventilação, tratamento da lesão com antissépticos adequados, tentativa de levantar a imunidade com poli vitamínicos e tratamento de lesões secundárias se existirem com antibiótico terapia adequada.


Existem alguns estudos com certos fitoterápicos como a Tuia e a Falsa Erva de gato, ainda sem comprovação 100%.


É autolimitante.


Vacinar contactantes.


Na criação fazem programa de vacinação de acordo com a idade da ave de um dia, com quatro semanas de idade.


Lembre-se sempre de consultar um médico veterinário para o melhor tratamento.


Prevenção e controle

É uma doença altamente contagiosa e existem métodos de controle primários que podem ser usados ​​se as aves infectadas estiverem presentes.

  • Monitoria sorológica

  • Impedir canibalismo entre as aves, em casos de óbitos, recolher as carcaças.

  • A alimentação artificial (se houver), que pode concentrar as aves, deve ser interrompida.

  • A eliminação da água parada controlará o vetor primário, o mosquito.

  • As aves infectadas devem ser isoladas ou sacrificadas para remover a fonte do vírus.

  • Alimentadores, bebedouros e poleiros devem ser descontaminados com uma solução de 10% de cloro.

Teca Mello


Teca Mello, graduanda do curso de Medicina Veterinária, agora matriculada no 8º semestre, Terapeuta Acupunturista e Naturopata, Vice-presidente GEAS Unifmu, Secretária do Científico Centro Acadêmico Bode Lôko FMU, membra Falcoeiras BR, ANF e ABFPAR, e apaixonada pelos estudos e aves de rapina.


Dedicatoria


Olá pessoas lindas, segue mais um texto escrito com muita dedicação e carinho para esse grupo tão especial de mulheres maravilhosas, únicas, guerreiras e ativas dentro da Falcoaria, Preservação das aves de Rapina e educação ambiental que me acolheu com muito carinho, posso dizer que desde o início do Falcoeiras BR me sinto como em uma família e amo cada vez mais fazer parte disso tudo, com meu esforço no curso de medicina veterinária e completando mais um semestre, a pedido da querida Alessandra Oliveto fundadora do Falcoeiras BR, por ter completado a matéria de Ornitopatologia na minha graduação, dessa vez será um texto mais específico sobre uma doença que quem trabalha com controle de fauna aviária vê com frequência.


Agradeço a oportunidade e desde já e seguimos com o minha pesquisa sobre a enfermidade.


Falcoeiras BR


Ohana <3 Namaste



Referências

Apostilas cedidas pela professora M.V. Doutora Maria Gabriela Xavier de Oliveira, durante o 7º semestre letivo de 2017, na disciplina de Ornitopatologia, na FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas, no curso de medicina veterinária.

Anotações de aulas do curso de medicina veterinária

MELO, L. F. Doenças em aves silvestres. Disponível em: <http://www.cstr.ufcg.edu.br/grad_med_vet/mono_2013_2/monografia_luiza_francade_melo.pdf> acesso em 20/06/2017

BOUBA AVIÀRIA, disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/Gypnz7osv0Fa29c_2013-6-14-14-45-43.pdf> acesso em 20/06/2017

Avian Pox, disponivel em:

<http://www.michigan.gov/dnr/0,1607,7-153-10370_12150_12220-26362--,00.html> acesso em 05/07/2017

Avian Pox, disponivel em:

<https://www.researchgate.net/publication/8883591_Avipoxvirus_infection_in_peregrine_falcons_Falco_peregrinus_from_a_reintroduction_programme_in_Germany>

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