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Patologias de Aves Silvestres - Parte 1


Foto: Falcão sendo anestesiado para procedimento

Flavia Montovani


Inúmeras patologias podem afetar as aves silvestres, podendo ser provocadas por bactérias, fungos, vírus ou parasitas, que invadem e se multiplicam nos tecidos corporais provocando doenças infecciosas. As bactérias isoladas podem ser da flora normal, patógenos primários, patógenos secundários (oportunistas) ou transitórios. As bactérias gram-negativas costumam ser mais patogênicas podendo afetar diversos sistemas, enquanto as gram- positivas geralmente atuam como agentes oportunistas nos animais imunossuprimidos por diferentes fatores como estresse, exposição a toxinas, infecções concominantes, etc. Entre as bactérias gram-negativas mais comuns que afetam as aves temos:
Escherichia coli, Klebsiella, Salmonella sp, Bordetella sp, Proteus sp, Citrobacter freundii, Paseudomonas sp e Yersinia sp. Dentro das bactérias gram-positivas mais comuns encontramos: Staphylociccus sp, Streptococcus sp, Bacillus cereus, Clistridium sp e Enterococcis sp.
É muito comum além das patologias virais e bacterianas, aquelas provocadas por leveduras e fungos que fazem parte da flora natural das aves, sendo denominadas: doenças fúngicas. Diversos fatores podem contribuir para aumentar a população de leveduras levando a manifestações clinicas posteriores, entre elas temos: deficiências nutricionais, dieta errada, falta de higiene no criatório, prolongado uso de antibióticos, enfermidades concomitantes, senilidade, estresse. O gentes mais comumente encontrados são os Aspergillus sp e a Cândida sp. Conheça algumas:
- Escherichia coli (colibacilose)

Trata-se de uma bacteria que faz parte da flora normal tanto de seres humanos como de outros animais. Nas aves imunossuprimidas pode provocar doença clinica podendo se associar a outros agentes como Candida sp, mas algumas cepas de E. coli são considerados agentes infecciosos primários por apresentar uma maior patogenicidade. A exposição das aves ao agente infeccioso ocorre principalmente por falta de higiene e contaminação fecal da água. alimentos ou ambiente onde o animal reside, como pisos ou poleiros. A colibacilose é diagnosticada frequentemente em exemplares do tráfico ilegal. os quais são mantidos em condições inadequadas de higiene, mal alimentados e aglomerados em lugares com numerosos individuos, facilitando desta maneira a dispersão e colonização da E. coli em múltiplos órgãos. Clinicamente os sintomas relacionam-se com o local da infecção, sendo inespecificos: letargia, anorexia, penas eriçadas, diarréia, poliúria, conjutivite, dispnéia, inflamação aticular, edema subcutâneo, perda de peso, vômito e morte súbita. Filhotes de diferentes espécies de aves podem desenvolver uma pneumonia apresentando dispnéia e cianose.
Costuma ser bastante comum um quadro de inflamação do papo ou influvite fúngica concomitante, devido a imunosupressão. O diagnóstico se baseia na cultura do microorganismo a partir dos tecidos afetados. O tratamento deve ser realizado com antibióticos parenterais com base nos resultados da cultura e antibiograma. Os antibióticos orais são efetivos somente no tratamento das infecções limitadas à mucosa intestinal. Devem ainda ser oferecidos imunoestimulantes, suplementos vitaminicos, dieta equilibrada e um manejo sanitário adequado.
As aves que apresentam estado grave de infecção devem ser internadas para receber alimentação (se preciso forçada) e reposição eletretrolitica constante.
- Aspergillus sp (ASPERGILOSE) São muitos comuns nas aves domésticas como de vida livre, podendo provocar doenças resporatórias devastadoras. Acredita-se que este fungo vive como saprófita no corpo da ave, causando a doença quando há uma diminuição na resistência do animal.
A infecção se dá quando há oenetração (inalação) de esporos ou hifas do fungo através do trato respiratório ou pela ingestão de alimentos e água contaminados. ainda existe a possibilidade de a transmissão ocorrer por feridas localizadas na pele, e até mesmo através do ovo. A aspergilose pode se manifestas de várias formas: respiratória, ocular, cutânea, articular, nervosa, visceral, sendo que a associação das formas respiratória e ocular são as mais frequentes, causando uma elevada taxa de mortalidade. As lesões e os sinais clínicos variam segundo o curso da infecção, órgãos afetados e número de esporos inalados. No inicio da doença ocorre uma intensa e rápida colonização dos pulmões, as aves mostram sinais de cansaço e sonolência. Começam a espirrar e surge uma secreção no trato resporatório. As aves tentam constantemente limpar o bico no poleiro como se tentassem retirar alguma coisa da cavidade bucal. Surge a dispnéia, prostração, anorexia, perda de peso, emaciação e diarréia, podendo evoluir para sintomatologia neurológica e morte.
O diagnóstico definitivo pode ser realizado através de culturas (raspagem da pele lesada, exames dos nódulos e secreções), citologia, biópsia ou exame distopatológico, que revelem as hifas associadas ao tecido lesionado. A Aspergilose pode se confundir com outras doenças, principalmente respiratórias, portanto torna-se indispensável o diagnóstico diferencial para outras doenças: New Castle, Tricomoniase...
O tratamento pode ser tópico através de instilação nasal, aplicação nos sacos aéreos ou nebulização e pela administração oral ou parental de antifúngicos. Entre as medidas profiláticas recomenda-se: manter o local onde as aves vivem bem ventilado e sem umidade, cuidado com higiene, quarentena de aves recém adquiridas, isolar aves doentes, evitar estresse, uso de desinfetante ou fungicidas para limpeza.

- Candida sp (CANDIDÍASE)

A Candidíase é causada pelo fungo Cândida albucans que faz parte da flora gastrintestinal das aves em pequenas concentrações e quando ocorre desequilíbrio populacional, afeta o aparelho digestivo. Pode também ser encontrado na pele, causando uma dermatomicose. Embora normalmente manifestem casos isolados, os surtos podem ocorrer provocando elevada taxa de mortalidade nas criações. A transmissçao da doença ocorre pela ingestão de água e alimento contaminado, provocando problemas digestivos, ou também pela inalação, causando distúrbios respiratórios. Uma vez instalada a infecção, os animais doentes eliminam esporos e hifas através das fezes, podendo contaminas outros animais e disseminando a doença.
As aves doentes apresentam: penas arrepiadas, prostração, anorexia, regurgitação, vômito, diarréia, perda de peso e papo dilatado.
O diagnóstico presuntivo é realizado por meio de esfregaços da cavidade oral ou fezes. O diagnóstico definitivo é feito pela cultura e pelo exame histopatológico. Na necropsia observa-se as placas necróticas aderidas além de exsudato catarral mucoso.
Diversos medicamentos (antifúngicos) atuam com relativo sucesso no tratamento, principalmente na forma cutânea da doença. Administração de Vit A é recomendada no tratamento curativo, pela ação de proteção dos epitèlios dos tecidos. O aumento das vitaminas do grupo B podem auxiliar no controle da infecção.
Como medidas profiláticas: forneciamento de alimentação limpa, fresa e bem balanceada, manter a higiene, evistar uso abusivo de antibióticos, Vit A e do grupo B periódica, evitar o estresse.

Verificamos que o mais importante de tudo é manter sua ave em ambiente higienizado, dar alimentos de procedência e diminuir o estresse. Esses são os primeiros e principais pontos que devem ser observados na minimização do contato com agentes dispersores de patogenos. Sempre que houver qualquer alteração na sua ave, fique de olho e se preciso leve-a ao medico veterinario. Só ele será capaz de diagnosticar corretamente e dar os fármacos necessários para a melhora de sua ave.


... próximas doenças abordadas serão: Tricomonas, coccidiose, infestação por vermes e infestação por pseudoomonas. AGUARDEM!

* Escrito por Atilla Kindlovits - Med veterinário - CRMV/RJ 2.386, pós-graduando em Zoologia e Comportamento Animal , especialista em animais silvestres e aves. Autor do livro: Clinica e terapêutica em primatas neotropicais. Site: www.veterinariadrattila.com

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