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Doenças em Aves de Rapina - Pododermatite



Resolvi fazer esse compilado de textos a respeito da pododermatite no dia que estava estudando sobre a mesma. Meu gavião-asa-de-telha "Tanatus" (Parabuteo unicinctus) por vezes apresentava descamação nos pés e umas duas vezes visualizei um pontinho preto no centro e ainda bem e graças a um amigo futuro médico veterinario (Eduardson Elias) nunca passou disso.


Depois do tratamento inicial que não deixou o ponto preto progredir, optei pela prevenção semanal da pododermatite. Verifico diariamente as patas de Tanatus e uso óleo de girassol para evitar a descamação da pele. (Video abaixo)




Alessandra Oliveto


Foto: 张文超 (China Tao)


REVISÃO DOS TEXTOS CONSULTADOS

Desde os tempos antigos o homem domestica os animais e notou o potencial dos mesmos para ajudá-lo, fosse para facilitar os afazeres do dia-a-dia ou apenas para fazer companhia “pet”.


Hoje em dia a busca por aves esta cada vez maior. E com a crescente presença de aves tidas como “pet”, surge a necessidade de profissionais (med veterinários) especializados neste campo, a fim de tratar corretamente os problemas que estes novos animais nos lares vêm a apresentar.


Doenças que atingem o membro inferior das aves são freqüentes e embora às vezes se restrinjam somente a esses membros, podem provocar alterações sistêmicas se não forem tratadas devidamente e a tempo.


Hoje vamos fazer um breve resumo de alguns textos e falar de um dos problemas podais mais comuns em aves de rapina; A PODODERMATITE.

Como funciona os pés das aves

O pé é protegido por uma camada espessa de epitélio estratificado escamoso sobre o qual corre uma fina camada de queratina. Na superfície plantar existem papilas ásperas que ajudam a agarrar a presa.

As corujas, gaviões, águias e falcões usam as garras para caçar ativamente, com força e eficiência.


O tamanho das garras depende do tipo de presa que a ave costuma caçar, águias possuem tarsos bem grossos e garras grandes, pois capturam animais grandes (macacos, preguiças e mamíferos terrestres); espécies pescadoras possuem calos ásperos nos dedos, o que as ajuda a segurar peixes escorregadios. Espécies menores e aqui incluímos Falcos, têm garras pequenas, porém mais afiadas. O gavião-pernilongo Geranospizia caerulensis possui pernas com uma articulação intertarsal mais móvel, capaz até de se dobrar para trás, sendo especializado na exploração de cavidades. As corujas possuem seus tarsos emplumados para diminuir o ruído nas caçadas, e o dedo externo (nº4) pode virar voluntariamente para trás reforçando o hálux para segurar a presa além de aumentar a superfície de contato para captura.

PODODERMATITE OU BUMBLEFOOT

Pododermatite (Bumblefoot) é uma enfermidade que atinge o coxim plantar das aves, podendo progredir para uma infecção profunda, incluindo necrose dos tendões e osteomielite (inflamação séptica da medula óssea e do osso, sendo produzida mais freqüentemente por bactérias alojadas nas áreas metafisiarias de ossos longos e vértebras). Sendo uma das doenças mais freqüentes nas aves de rapina em cativeiro.


Nas aves de rapina a infecção pode ser diagnosticada por isolamento de Staphylococcus spp., Mycoplasma spp, Pseudomonas spp e outras bactérias pouco comuns.


Uma vez instalada, se não for devidamente tratada evoluiu causando danos aos membros da ave, dificultando sua busca por alimento, seu conforto em estação sobre o poleiro, sua locomoção, podendo debilitá-la a ponto de proporcionar septicemia (infecção generalizada grave que se espalha por todo o corpo) e óbito da ave (RUPLEY, 1999). O tratamento variará então em função da gravidade de cada caso, e resposta da ave ao tratamento.

PORQUE OCORRE

O manejo impróprio é a maior causa dessa enfermidade. A nutrição inadequada e ausência de vitamina A, são suspeitas em muitos casos.


Poleiro impróprio, apresentando sujidades ou piso inadequado também contribui para a doença. A pododermatite bacteriana ocorre quando há condições ambientais favoráveis, como excesso de umidade, baixa higiene, além de condições do paciente que reduzam imunidade como estresse, má alimentação (RUPLEY, 1999)


Outro fator importante é o fato da ave ter um ferimento que se encontra na região dos pés e este estar em contato com uma superfície com bactérias patógenas.

LITERATURA

A pododermatite é uma lesão na face plantar dos pés das aves. Inicia-se em função de abrasão, formando uma lesão eritematosa (manchas vermelhas) e pruriginosa (que causa coceira), tornando-se exsudativa e ulcerativa com o avanço dos sinais, havendo infecção bacteriana que pode ser de caráter primário ou secundário. (COOPER & HARRISON, 1999)

Os sinais clínicos de doenças nos pés das aves compreendem em edema (acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo), eritema (vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos), ulceração (processo para formar uma lesão aberta, com perda de substancia, em tecido cutâneo ou mucoso, causando desintegração e até necrose), espessamento (hiperqueratose = endurecimento da pele), constrições (pressão em volta de um corpo com diminuição do respectivo diâmetro), massas ou outras lesões proliferativas. (RUPLEY, 1999)


O principal agente isolado de lesões de pododermatite é o Staphyloccocus spp, um coco Gram-positivo encontrado no ambiente, trato respiratório e pele de pessoas e animais (GUIMARÃES, 2006). Dentre eles, o Staphyloccocus aureus é o agente mais comum, sendo citado por Rupley (1999), Cooper & Harrison (1999), Guimarães (2006) e Godoy (2006). Embora menos comumente relatado, tal agente também pode provocar reações de hipersensibilidade, artrite, osteomielite, hepatite, miocardite, tendinite, vasculite, conjuntivite, esplenite, nefrite, meningite, encefalite e mielite. (GODOY, 2006)

SINTOMATOLOGIA

As lesões de pododermatites podem se apresentar em vários graus de severidade, e isto influenciará no tratamento a ser utilizado, e na sua duração. (RUPLEY, 1999)


A doença possui diferentes graus de severidade. São eles:


- Grau I: É normalmente moderada e localizada, freqüentemente envolvendo apenas um dedo ou pequeno ponto no centro do coxim plantar. Podem evoluir para uma crosta e são geralmente benignos. Na maioria das vezes não há isolamento de nenhum microrganismo. Lesões deste tipo geralmente estão associadas com poleiros inadequados ou manutenção da ave sobre superfícies abrasivas, que acabam por ferir a pele dos pés e a sola. Podem ser tratadas com limpeza da área com escova cirúrgica, antisépticos locais e pomadas (ver com med veterinário). A correção e higienização de poleiros e manejo alimentar são recomendados.


- Grau II: É mais extensa e está invariavelmente associada com uma bactéria patogênica. Há uma lesão inflamatória aguda, e o exame histopatológico usualmente mostra uma reação do tipo inflamatória com presença de tecido fibroso e células mononucleares. Muitos casos resultam da evolução de uma lesão de grau I não tratada, embora algumas possam ocorrer espontaneamente. Uma ocorrência comum é o crescimento excessivo da unha do hálux, por falta de desgaste, e um conseqüentemente ferimento do coxim plantar quando a ave finca as garras sobre o alimento. Lesões mais graves devem ser avaliadas radiologicamente quanto à presença de osteomielite (doença infecciosa grave, aguda ou crônica, causada esp. pelo estafilococo áureo. Atinge ossos longos como o fêmur, a tíbia ou o úmero.), retirada de abcessos será necessária caso estejam presentes. O uso de antiinflamatórios locais traz benefícios visíveis ao tratamento. (consultar med. veterinário)


- Grau III: É crônica e invariavelmente é resultado da evolução de uma lesão de grau II. O processo infeccioso está presente, mas já há fibrose nos tecidos, com a presença de um ou mais sacos cheios de material fibroso e purulento e até uma necrose em casos mais avançados. Na maioria das vezes os ossos e as articulações estão comprometidos. Nestas situações somente uma intervenção cirúrgica pode resolver o problema, já que há uma resposta inicial com a antibioticoterapia, mas o inchaço reaparece tão logo que o tratamento é suspenso.


Lembra da primeira imagem do texto, nas imagens abaixo podemos ver a pododermatite em uma ave selvagem. A Ave foi tratada e solta novamente na natureza (Fig 1 a 11)


Fotos retiradas do facebook de 张文超 (China Tao) no dia 13 de janeiro de 2016

DIAGNÓSTICO


O diagnóstico é feito visualmente, examinando as garras da ave, detectando ou não a presença dos sintomas da doença. Sempre ao colocar a ave na luva avalie como esta o aspecto dos pés (descamação, sujeira, machucados). Cuide e higienize os pés e garras de suas ave.

TRATAMENTO

Por se tratarem de lesões exsudativas, a realização de curativos freqüentes conforme a necessidade de cada caso auxilia na aceleração da cura clínica.


Curativos do tipo atadura em esfera (figura 12) são os mais recomendados. Trata-se de um tampão de gaze embebida em iodo-povidona estéril ou clorexidina o qual é envolto com uma atadura fechando os dígitos da ave sobre a esfera de gaze com o produto. (RUPLEY, 1999)


Deve-se trocar os curativos em intervalos de 24 a 48h conforme a gravidade das lesões. Tal procedimento é realizado até que não haja mais exsudação das lesões. O tratamento é diário.


Consulta um médico veterinário é importante nos casos médios a graves, só o medico veterinário pode receitar os medicamentos certos após coleta, amostragem e diagnóstico do agente patógeno.

* Bibliografias *

- RUPLEY, A.G. Manual de Clínica Aviária. São Paulo: Roca, 1999.

- COOPER, Jhon. Birds of Prey: Health and Disease; Blackwell Science Ltd, 2002.

- Nancy J. Thomas, D. Bruce Hunter, Carter T. Atkinson,. Infectious Diseases of Wild Birds, Blackwell Science Ltd, 2008

- Diagnóstico e tratamento de Pododermtite (Bumblefoot) em aves de rapina.

http://bussoladofalcoeiro.blogspot.com.br/2012/07/diagnostico-e-tratamento-de.html


- Pododermatite em aves de gaiola

http://qualittas.com.br/uploads/documentos/Podermatite%20em%20Aves%20e%20Gaiolas%20-%20Philippe%20Marcel%20Kelecom.PDF


- Fisiologias das aves de rapina

http://unifegbio.blogspot.com.br/2012/11/v-behaviorurldefaultvmlo.html



* Fotos *

张文超 (China Tao) - facebook.com/falconrytao

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