Pró corujas

por Karina Pimentel e Gabriela Mendes

A Associação Nacional para Pesquisas, Conservação e Preservação de Strigiformes, ou Pró Corujas, é uma entidade civil sem fins lucrativos de âbito nacional e internacional criada para realizar pesquisas científicas sobre as espécies de corujas brasileiras. Além de projetos de levantamento e monitoramento, a Pró Corujas também realiza atividades pedagógicas, através de cursos de extensão e capacitação, e culturais, no intuito de conscientizar a população sobre os benefícios que as corujas trazem para o homem. Através do Centro Nacional para Pesquisa e Reabilitação de Strigiformes, a Pró Corujas recebe, avalia e reabilita corujas recebidas através de órgãos governamentais e munícipes. Atualmente a equipe da Pró Corujas é formada por um Biólogo e dois Médicos Veterinários.

Meu nome é Karina Pimentel e sempre soube do meu carinho especial pelos Strigiformes, no entanto minha relação com elas se restringia apenas a apreciação, até que em novembro de 2014 em uma tentativa de oferecer ajuda conheci o Marc, fundador da Pró Corujas. Depois de conversarmos um pouco, minha ajuda foi aceita e em poucos dias eu estava me organizando para uma viagem ao PARNASO (Parque Nacional da Serra dos Órgãos) para participar do Encontro de Pesquisadores e depois para Guapimirim, participar de meu primeiro curso de resgate de corujas. O que me deu a chance de aprender melhor sobre os objetivos da associação e explicar o motivo pelo qual eu havia me interessado em ajudar. Durante meu estágio, além de fazer saídas á campo e participar de atividades educacionais, participei de mais dois cursos de resgate e estive presente na soltura da Tuttis, uma Murucututu (Pulsatrix koeniswaldiana) que ajudei avaliar e recolocar no Parque Estadual da Tiririca. Também tive o prazer de ajudar a organizar o Encontro da Pró Corujas ano passado, ironicamente, no PARNASO. Um ano e 4 meses se passaram e hoje sou formada em Medicina Veterinária e faço parte ativamente da equipe da Pró Corujas. Já reabilitei uma Caburé (Glaucidium brasilianum), e tive o prazer de solta-la em sua área de atuação, o Parque Estadual da Serra da Concórdia, e atualmente estou reabilitando uma suindara que logo será solta. Como Médica Veterinária da Pró Corujas, atuo no resgate, recebimento e adequação de corujas, sou responsável pelas avaliações clínicas, o reestabelecimento físico-fisiológico de corujas debilitadas e acompanho o progresso de suas condições durante os processos de reabilitação comportamental para soltura, participo da coleta de dados á campo dos projetos da Pró, atividades educacionais e de pesquisa em cativeiro.

Começarei a ministrar os cursos e palestras oferecidos pela nossa entidade, sobre doenças, primeiros socorros e nutrição de corujas em cativeiro, para os participantes, principalmente, do projeto “Rede de Monitoramento de Strigiformes da Mata Atlântica”. Quero agradecer as Falcoeiras Br pela oportunidade de compartilhar minha experiência com corujas e demonstrar meu respeito e admiração que tanto tenho como pessoa e profissional.

Meu nome é Gabriela Mendes, tenho 19 anos, curso o terceiro período de Biologia e há mais ou menos seis anos, desenvolvi um enorme interesse por corujas. Sempre vi as corujas como animais muito lindos, mas não sabia muito sobre, foi quando comecei a ler tudo que encontrava e a assistir vários documentários, desde então, não parei mais.

Em novembro de 2015, fui convidada para participar de um curso que seria dado pela Pró Corujas. Eu já tinha encontrado a Pró na internet mas não fazia ideia de como seria o curso que o Marc iria dar. Foi por causa desse curso que tive o meu primeiro contato com uma coruja, e isso me fascinou ainda mais. O curso oferecido era sobre ecologia, manejo e resgate de corujas, e superou todas as minhas expectativas... sinceramente, não esperava que fosse aprender tanto. Durante o curso deixei claro para o Marc a minha vontade de fazer parte e ajudar como pudesse, foi quando ele me disse que em 2016 eu poderia estagiar na Pró. Aceitei sem pensar duas vezes, e em janeiro comecei meu estágio indo para o Parque Estadual da Costa do Sol para participar da capacitação dos Guardas Parques, representantes da Defesa Civil , representantes da Ong Aldeense Phenix de Animais Silvestres, e fazer saídas á campo para avaliar os melhores locais para soltura de corujas recebidas pelo parque. No curso, tive contato com mais três corujas do mato (Megascops choliba) e o mais importante e fato inédito na minha vida: pela primeira vez, vi não só uma, mas várias corujas soltas na natureza, só voando por aí. Onde eu moro é muito raro encontrar corujas, então pra mim foi algo completamente novo e magnífico! Avistamos várias corujas-buraqueiras (Athene cunicularia) e muitos ninhos espalhados pela orla das praias. Só em Búzios, vimos uma corujinha-do-mato, uma Murucututu-de-Barriga-Amarela (Pulsatrix koeniswaldiana) e uma suindara (Tyto furcata). Ver uma suindara solta, mesmo que bem rápido, foi algo inexplicável, uma sensação única, principalmente por ser minha espécie preferida, foi algo que me deixou muito feliz. Infelizmente minhas férias só me permitiram estagiar por 18 dias antes de voltar às aulas, mas foi uma experiência incrível pois participei da reabilitação de uma suindara e da coleta de dados de dois dos projetos realizados pela Pró Corujas. Nesses 18 dias, a Pró Corujas me ensinou muita coisa e não só profissionalmente, lá atrás, assim que meu fascínio pelas corujas começou, eu senti muita vontade de comprar uma suindara, mas participar da reabilitação de uma coruja descobri um jeito de ficar perto das corujas, aprender muito mais e ainda estar fazendo algo incrível, recuperar e recolocar corujas na natureza. Sou muito grata pelo trabalho da Pró Corujas e mais ainda pela chance que tenho de continuar meu estagio, conciliando com meus estudos.